


No segundo caso, deve-se mencionar que menos da metade dos espaços são de acesso restrito, ou seja, condicionados à inscrição prévia em atividades e serviços oferecidos pelo Sesc. Nos demais, inclusive na biblioteca (quarto piso) e na exposição (quinto piso), pode-se entrar e permanecer livre em amplas salas, mobiliadas com mesas, assentos e armários volantes desenhados pelos arquitetos. Algo notável em um projeto que lida com as restrições físicas - sejam de ordem técnica ou de programa - impostas pela reforma de uma edificação existente, em que é preciso atender a elevada densidade de instalações requeridas pelo contratante.
Assim, embora a malha irregular e densa dos pilares mantidos, dispostos com lógica alheia ao novo uso, e das salas compartimentadas requeridas, o que se tem é o oposto de uma ocupação labiríntica. A luz natural é determinante disso (todas as fachadas foram demolidas e, em seu lugar, entraram fechamentos envidraçados - inclusive nas divisas internas), mas, sobretudo, a qualidade espacial do projeto é também favorecida pela troca que os autores fizeram entre cheios e vazios. Vedaram quase que integralmente a abertura quadrada (de 14 metros) no miolo do edifício - que servia à contemplação de uma cúpula, também removida.
Em compensação, onde existiam os fossos dos elevadores, implantaram a rampa que se desenvolve continuamente do térreo à cobertura do Sesc. Ou seja, otimizaram as áreas construídas das lajes por meio da adição de piso nas suas regiões centrais e, independentemente da maior ou menor restrição de acesso a cada um dos andares, criaram a livre transposição vertical do edifício através da rampa, pela qual se pode caminhar observando as diversas atividades e espaços.
Nesse sentido, foi também fundamental a incorporação ao projeto de um edifício anexo, que passou a abrigar dependências dos funcionários, sanitários e salas técnicas. A arquitetura preexistente era, e continua sendo, formalmente inexpressiva, e a excessiva reflexão dos vidros das novas fachadas mais atrapalha do que ajuda a fazer com que o Sesc coloque alguma ordem na paisagem. Mas, para além da qualidade dos espaços internos comentada acima e da inteligente disposição do programa, é impactante o fato da piscina ter sido acrescida no topo da construção, sustentada por quatro pilares circulares de concreto visíveis ao longo dos andares. É a mensagem dos arquitetos a favor do desfrute, do ócio na cidade, a que se dedica o projeto. (Por Evelise Grunow)
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Via Arco Web
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